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Com cem dias à frente da Saúde, Queiroga ainda é visto com desconfiança

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Prestes há completar 100 dias à frente do Ministério da Saúde, o ministro Marcelo Queiroga ainda não conquistou plena confiança de gestores e tampouco afastou o país do fantasma da terceira onda. Em meio à maior suspeita de corrupção do governo Bolsonaro justamente em sua pasta, com denúncias de irregularidades na compra de vacinas, Queiroga tenta equilibrar o discurso negacionista do presidente com acenos à ciência.  Embora pareça mais eficiente que seus antecessores em administrar a postura de Bolsonaro e as demandas sanitárias do país, nos bastidores, Queiroga é tido como um gestor sem autonomia. Se por um lado, o ministro tem como pontos positivos a antecipação de entregas de vacina, por outro, a avaliação é de que ele não implementou ainda ações capazes de conter efetivamente o avanço da pandemia, como medidas de restrição, ampla política de testagem e a coordenação integrada com estados.

Em conversas, segundo interlocutores, Queiroga costuma brincar com seus subordinados: “O presidente é o Messias e eu sou o Cristo, tenho que segurar a cruz”, diz em referência aos percalços que enfrenta à frente do ministério para conter o avanço da pandemia. Sob a mira da CPI e para amenizar os desgastes causados pelas críticas à pasta e ao governo, o ministro estabeleceu internamente como um dos objetivos de sua gestão melhorar o relacionamento com a imprensa. Queiroga pediu inclusive que seu secretariado adote uma postura de maior aproximação e uma comunicação mais efetiva das ações desempenhadas.

Na última semana, a suspeita de irregularidades no contrato do Ministério da Saúde para a compra da Covaxin movimentou os corredores da pasta. Auxiliares do ministro, no entanto, procuram minimizar as pressões impostas pela CPI, tratando o assunto como algo que “faz parte” do jogo político, embora a demanda de informações requisitadas pelo Congresso, segundo eles, esteja afetando o fluxo de trabalho do ministério.

Entre gestores estaduais e municipais a gestão Queiroga divide opiniões. Para alguns houve avanço em relação à gestão de seu antecessor, Eduardo Pazuello, para outros “só mudaram as moscas”. A unanimidade se dá em um ponto: embora tente mostrar que tem carta branca para conduzir a pasta, o ministro é tutelado pelo presidente.

— O principal não funciona: não tem o Comitê Integrado com Estados e Municípios para gestão da crise de Covid-19, não tem medição nacional da transmissibilidade, não há cumprimento do Plano Estratégico e não tem uma estratégia para um cronograma de vacinação acelerado, para tirar o Brasil do alto risco na pandemia, afirmou o governador do Piauí e representante do Fórum de Governadores, Wellington Dias. — Vejo que os dois (Pazuello e Queiroga) não têm autonomia para gestão. Nem os culpo. Mas o país e o povo brasileiro pagam caro, com muitas vidas e grande crise social e econômica.

O governador cita, no entanto, como aspecto positivo as antecipações de entrega de vacina que o ministro tem obtido.

Outros gestores também criticam a articulação da pasta com estados e municípios, mas citam como aspectos positivos o fato de Queiroga tentar pautar as ações do ministério a partir de um viés científico, apesar do presidente. Outros pontos citados a favor do gestor é a aproximação com organismos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).

— Queiroga é mais um a enfrentar o desafio de lidar com a interferência inadequada do presidente nas condutas da Saúde, ao tempo em que busca trazer o Ministério de volta para uma condução técnica, disse o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Villas Boas. Secretário executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira, pondera que Queiroga assumiu a pasta em um momento ainda mais difícil que de seus antecessores.

— O cenário é muito difícil, ele entrou no pior momento da história. Um momento político conturbado, com CPI rolando, dificuldades de disponibilidade de insumos, de oxigênio. Ele está conseguindo tocar com nosso apoio, porque se a gente a brigar, aí não tem solução. Ele é o ministro da vez e Conas e Conasems têm que trabalhar em conjunto com ele, analisou Junqueira.

Serra FM

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