O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse, ontem, que considera o desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios, programada pelo Planalto para amanhã, uma “coincidência trágica” com a agenda da Câmara. A declaração foi dada em entrevista ao site O Antagonista.
Os deputados votarão na mesma data a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece a adoção do voto impresso no país para as próximas eleições. Lira contou que falou com o Planalto e teve garantias de que o evento já estava programado e que não há nenhum intuito de constranger ou intimidar o Congresso, ou mesmo, de ameaçar a democracia no país.
“Encaro isso como uma trágica coincidência, não é que eu apoie essas ações”, disse Lira.
O desfile ocorrerá em um momento de forte tensão entre o governo Jair Bolsonaro e o Poder Judiciário. As Forças Armadas planejam um desfile militar inédito em frente ao Palácio do Planalto, conforme comunicado oficial distribuído pela Marinha.
A nota diz que “um comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília”. O destino final é o Campo de Instrução de Formosa (CIF), onde é feito anualmente, desde 1988, um grande treinamento da Marinha, a chamada Operação Formosa.
“Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à Demonstração Operativa, que ocorrerá no dia 16 de agosto, no CIF”, diz ainda o comunicado.
Apesar da negativa de intimidação recebida do Planalto, Lira reconheceu que, diante do tensionamento presente no país, esse tipo de atitude dá margem a se pensar em uma ameaça ao sistema democrático e disse que se houver por parte da sociedade uma vontade de adiamento da votação, que ele estaria disposto a retirar da pauta. “Esse movimento não é usual. Não sendo usual, em um país que está polarizado do jeito, isso dá cabimento que se especule algum tipo de pressão”, criticou.
Marinha nega relação de desfile com voto impresso
Leia o comunicado na íntegra:
Brasília – DF.
Em 09 de agosto de 2021.
Com relação à Operação Formosa 2021, a Marinha do Brasil (MB) esclarece os seguintes pontos:
a) A Operação é realizada desde 1988, no Campo de Instrução de Formosa (CIF), com o propósito de assegurar o preparo do Corpo de Fuzileiros Navais como força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, conforme previsto na Estratégia Nacional de Defesa. Este ano, de forma inédita, haverá também a participação de meios do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira, de modo a incrementar a interoperabilidade das Forças Armadas do País.
b) Anualmente, diversas autoridades dos Poderes da República são convidadas para assistir ao dia de Demonstração Operativa, que, este ano, ocorrerá em 16 de agosto. Serão convidados o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, os Ministros de Estado, bem como os Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, além de diversas autoridades.
c) A entrega do convite ao Presidente da República foi planejada para contemplar um comboio composto por algumas das principais viaturas, cujo total da Operação é 150, e que iniciaram o deslocamento para o Planalto Central desde o dia 08 de julho. Desse comboio, 14 viaturas ficarão em exposição durante essa terça-feira (11), em frente ao prédio da Marinha na Esplanada dos Ministérios. Os eventos buscam valorizar e apresentar, à sociedade brasileira, o aprestamento dos meios operativos da nossa Marinha.
d) Cabe destacar que essa entrega simbólica foi planejada antes da agenda para a votação da PEC 135/2019 no Plenário da Câmara dos Deputados, não possuindo relação com a mesma, ou qualquer outro ato em curso nos Poderes da República.
Centro de Comunicação Social da Marinha
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