Ramaphosa expressou “em nome de todos os sul-africanos” sua “profunda tristeza com a morte” de uma figura essencial da história sul-africana. “Desmond Tutu era um patriota sem igual; um líder de princípios e pragmatismo que deu sentido ao ensinamento bíblico de que a fé sem obras está morta”, completou.
“Um homem de intelecto extraordinário, integridade e invencibilidade contra as forças do apartheid, ele também era terno e vulnerável em sua compaixão por aqueles que sofreram opressão, a injustiça e a violência sob o apartheid, e pelas pessoas oprimidas ao redor do mundo”, recordou Ramaphosa.
Após a chegada da democracia em 1994 e da eleição de seu amigo Nelson Mandela como presidente, Desmond Tutu, que criou o termo “Nação Arco-Íris” para a África do Sul, presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação (CVR), criada com a esperança de virar a página do ódio racial.
O “Arch”, diminutivo de arcebispo em inglês, tinha problemas de saúde há vários meses e não falava mais em público, mas nunca esquecia de acenar para as câmeras durante suas aparições.
Perda “incomensurável”
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, expressou “profunda tristeza” pels morte do arcebispo sul-africano. “Foi uma figura chave na luta contra o apartheid e na luta para criar uma nova África do Sul. E será lembrado por sua liderança espiritual e bom humor irreprimível”, escreveu Johnson no Twitter.
Desmond Tutu ganhou fama nos momentos mais complicados do apartheid quando, como líder religioso, comandou passeatas pacíficas contra a segregação e para pedir sanções contra o regime de supremacia branca.
Ao contrário de outros ativistas da época, sua posição o salvou de ser preso e sua luta pacífica foi reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz em 1984.
Fiel a seus compromissos, Desmond Tutu foi um duro crítico dos sucessivos governos do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês), movimento e partido que lutou contra o apartheid antes de chegar ao poder. Também criticou o ex-presidente Thabo Mbeki, assim como a corrupção e as falhas na luta contra a aids.
Em todas as áreas criticou o ‘status quo’ em temas como raça, direitos dos homossexuais e, inclusive, expressou apoio ao movimento a favor da morte assistida. E encarou a morte de frente.
“Eu me preparei para minha morte e deixei claro que não desejo ser mantido vivo a qualquer custo”, afirmou em um artigo publicado no jornal The Washington Post em 2016. “Espero ser tratado com compaixão e ter permissão para passar à próxima fase da jornada da vida da maneira que escolhi”, completou.
Comentários