Brega é o ritmo musical favorito dos recifenses, com um total de 34% de preferência. O dado é da pesquisa inédita Cultura nas Capitais, realizada pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale.
A pesquisa ainda revela a preferência pelo brega em diferentes faixas etárias, chegando ao pico de 46% na faixa de 25-43 anos, permanecendo em 40% entre 35-44 anos e 32% de 45-59 anos. Entre os mais jovens, de 16-24, o brega apareceu nas respostas de 27%.
O percentual de 34% também faz com que o Recife seja a cidade que mais prefere o brega em todo o Brasil. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo JC. Detalhes da pesquisa serão divulgados em evento no Teatro Apolo, no Bairro do Recife, nesta quarta-feira (02/04).
Recife resiste ao sertanejo
O segundo gênero musical mais citado foi a MPB, com 30% das respostas, seguido por gospel (24%), pagode (20%) e forró (18%). O sertanejo, ritmo em destaque nas pesquisas de diversas outras capitais, fica em quinto lugar, com 15%, evidenciando como a capital pernambucana possui uma maior ligação com a sua cultura local.
Os gêneros pop (13%), romântica (9%), internacional (8%) e funk (7%) também aparecem na relação. O rap apareceu com apenas 8%, porém com alta adesão na faixa etária 25-43 anos, com 25% da preferência.
O Recife também figurou como cidade brasileira onde mais se frequenta o Carnaval. Apesar disso, o frevo, principal gênero da folia pernambucana, foi citado apenas por 3%. A faixa etária que mais citou o ritmo foi a com mais de 60 anos (7%).
“Queremos que os dados sejam úteis para o uso de políticas, ações e projetos realizados pelo poder público e também por empreendedores privados, gerando uma base de dados que possa criar pesquisas na área”, diz João Leiva, diretor da JLeiva e responsável pelo levantamento.
“Em geral, os governos, quando pensam em suas políticas, são movidos quase que exclusivamente pelos pedidos dos produtores, e existe pouca escuta do que a população quer saber. Quando, na verdade, o beneficiário final do poder público é o cidadão comum. O acesso à cultura está entre os direitos do homem”, completa.
Metodologia
A pesquisa Cultura nas Capitais ouviu 19.500 pessoas das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal entre os dias 19 e 22 de maio de 2024, revelando padrões de acesso, exclusão e preferências.
Nesta edição da pesquisa, as pessoas foram abordadas pessoalmente em pontos de fluxo populacional. Ao todo, os pesquisadores foram distribuídos por 1.930 pontos de fluxo (entre 40 e 300 por capital), em regiões com diferentes características sociais e econômicas.
Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.
Patrimônio Cultural Imaterial
A forte adesão ao brega na pesquisa aponta para o fortalecimento do ritmo enquanto identidade cultural do Recife nos últimos anos.
Segundo o historiador Paulo César Araújo, o termo “brega” começou a ser divulgado na imprensa nacional a partir da década de 1980 para designar pejorativamente cantores românticos que começaram a fazer sucesso na esteira da Jovem Guarda.
Confira o ranking:
Brega – 34%
MPB – 30%
Gospel – 24%
Pagode – 20%
Forró – 18%
Sertanejo – 15%
Rock – 14%
Pop – 13%
Romântica – 9%
Internacional – 8%
Rap – 8%
Funk – 7%
Samba – 6%
Erudita – 5%
Eletrônica / Dance – 4%
Reggae / Dub – 4%
Jazz – 4%
Blues – 3%
Frevo – 3%
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