Amazônia perdeu 21 árvores a cada segundo em 2022, aponta MapBiomas

O desmatamento tirou 2 milhões de hectares dos seis biomas brasileiros em 2022. Os dados são do relatório anual do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) do MapBiomas, publicado nesta segunda-feira (12/6), que mostra que 91% da derrubada ocorre na amazônia, cerrado, caatinga, pampa gaúcho e pantanal. Entre os biomas analisados, apenas a mata atlântica não apresentou aumento de desmatamento entre o período de 2021 e 2022.

O levantamento mostra que a agropecuária é a principal causa das derrubadas, representando 95,7% do total de 2.057.250 hectares desmatados no Brasil. Em seguido ficam o garimpo ilegal e a mineração, que representam, respectivamente, 0,28% e 0,05%. De acordo com o levantamento, Terras Indígenas (Tis) e quilombolas permanecem como os territórios mais preservados do Brasil.

Os desmatamentos em TIs representaram 1,4% da área total desmatada no Brasil em 2022 e 4,5% do total de alertas validados no período. A maior parte dos alertas (91%) e da área desmatada em TIs se encontra no bioma da amazônia. Pelo segundo ano consecutivo, a maior área desmatada em TI ocorreu na Apyterewa (PA), com 10.525 ha desmatados em 594 eventos de desmatamento.

Em termos de área, os biomas com maiores aumentos de devastação são a amazônia (aumento de 190.433 ha), seguida pelo cerrado (incremento de 156.871 ha). Em termos proporcionais, os maiores aumentos ocorreram no cerrado (31,2%) e no pampa (27,2%).

Segundo José Sobreiro, professor do departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), há uma “especialização do desmatamento”. Ele avalia que com os dados do MapBiomas é possível verificar um conjunto de falhas que indicam onde o estado brasileiro deve atuar.

“Esse crescimento de 22% no ano de 2022 faz parte de uma conjuntura histórica na qual nós tínhamos no último ano do governo de Jair Bolsonaro que representava uma sinalização positiva tanto do latifúndio quanto daquela parte do agronegócio que é interessada na flexibilização de leis ambientais. Existe uma especialização do desmatamento, algo muito importante porque nos permite hoje a criação de uma agenda de políticas públicas eficiente para esses espaços”, diz.

Segundo o levantamento do Map Biomas, o estado do Pará lidera o ranking do desmatamento, com 22,2% da área desmatada no país (456.702 ha), seguido pelo Amazonas, com 13,33% (274.184 ha). A área desmatada no Amazonas cresceu 37% em relação a 2021, levando o estado a superar o Mato Grosso pelo segundo ano seguido.

Em terceiro lugar ficou o estado do Mato Grosso, com 11,62% (239.144 ha), seguido da Bahia, com 10,94% (225.151 ha). Ela ultrapassou o Maranhão, que teve 168.446 ha de desmatamento (8,2%). Juntos, estes cinco estados (PA, AM, MT, BA e MA) responderam por dois terços (66%) do desmatamento detectado no Brasil em 2022.

O levantamento do MapBiomas mostrou que o desmatamento em 2022 foi executado em larga escala: foram 234,8 ha por hora, ou 5.636 ha por dia, na média – um incremento de 24,3% em relação a 2021. Somente na Amazônia foram 3.267,5 ha desmatados por dia, ou 136,1 ha por hora.

Isso equivale 2,3 ha por minuto e significa que cerca de 21 árvores foram derrubadas a cada segundo. O cerrado está em segundo lugar, com 1.807,3 ha por dia, o equivalente a 75,3 ha por hora.

Do Correio Brazilliense