Notícias

Pernambucanos convivem com o risco da falta de água

0

Nesta quinta-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrega em Pernambuco uma obra considerada fundamental para o fornecimento regular de água na região semiárida do Estado. O Ramal do Agreste vai levar a água para a Adutora do Agreste, que vai distribuir a água do rio São Francisco para 23 municípios, após quase uma década de obras. Mas o empreendimento por si só não resolve o problema de abastecimento no Estado. Primeiro, porque mesmo pronto não entregará água como deveria; segundo, aqui está a segunda pior situação do Nordeste, com a maior demanda por investimentos para garantir segurança hídrica – um problema para 75% dos pernambucanos e que demandará R$ 8,05 bilhões em investimentos até 2035, aporte menor só que o do Ceará (R$ 12 bilhões).

O Ramal, assim como seu complemento, a Adutora do Agreste, simbolizam a necessidade e o ritmo de resolução que a questão hídrica, considerada prioritária nos planos do governo do Estado, realmente têm. Obras bilionárias tocadas com recursos do governo federal, mas que vêm se arrastando desde 2013.  O Ramal enfim será entregue, custando R$ 1,67 bilhão, mas ainda dependente da Adutora do Agreste para concluir a trajetória de distribuição da água.

A Adutora do Agreste, empreendimento tocado pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), com aporte de recursos do governo federal, será capaz de, junto com o Ramal, fornecer água da Transposição do rio São Francisco a mais municípios pernambucanos. A primeira etapa da Adutora só será concluída em 2022, caso o governo federal libere R$ 200 milhões para as obras. Desde 2013, a Adutora recebeu investimentos totais de R$ 1,030 bilhão, com a implantação de 647,8 quilômetros.

Com a Adutora, além dos 23 municípios que passam a receber água numa primeira etapa, quando concluída uma segunda fase, outras 45 cidades poderiam contar com melhorias no abastecimento, mas esse avanço ainda segue na incerteza, assim como a vida de outras de outros milhares de pernambucanos que sofrem com o estresse hídrico.

A segunda etapa da Adutora do Agreste é uma das obras prioritárias elencadas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para garantir a segurança hídrica no Estado. Com uma população de 8,1 milhões de habitantes, Pernambuco ainda tem hoje 75% da população sofrendo com baixa ou média segurança hídrica, ou seja, sem garantias de fornecimento regular de água para cumprimento de atividades básicas, de acordo com o Atlas Água, da própria ANA.

Os números colocam o Estado em posição delicada frente entes do Nordeste e do restante do País. Na região, Pernambuco é o segundo estado que mais demanda recursos para garantir a segurança hídrica da população. A nível nacional, está atrás apenas do Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Do total a ser investido, são precisos R$ 6,7 bilhões para destinação aos sistemas de produção de água (83%) e R$ 1,3 bilhão para os sistemas de distribuição de água (17%). Além das infraestruturas recomendadas e potenciais, são estimados cerca de R$ 840,3 milhões (13% do total) para 66 sedes urbanas que têm vulnerabilidade nos mananciais ou nos sistemas produtores de água e não têm propostas de solução. Só dos recursos para distribuição, é estimada uma necessidade de instalação de 446.116 ligações e assentamento de 4.280 km de rede de distribuição.

Tais recursos quando aplicados simbolizam melhoria de vida na ponta, para pessoas como o morador Alex Barbosa, do bairro do Brejo da Guabiraba, na Zona Norte do Recife. “Ficamos sem água por quase 20 dias, comprando água de carro pipa”, conta ele sobre a situação do abastecimento após uma intervenção da Compesa.

“Depois de finalizado, o serviço nunca tivemos água com pressão. Só chega em torneiras baixas. Numa rua em desnível e ladeira, algumas casas não chegam nem em torneiras baixas. Idosos com mais de 65 anos são obrigados a carregar água. Mesmo após a obra, chegamos a ficar nove dias sem nem pingar na torneira. E na maioria das vezes a Compesa diz que o abastecimento da localidade é diário e está normal, mas não temos água”, lamenta.

OBRAS

A Compesa é a responsável por abastecer 97% das sedes urbanas do Estado, alcançando 7,96 milhões de pessoas. É a empresa também que segue responsável pelas obras hídricas locais. Além da Adutora do Agreste, obras estruturais apontadas pela ANA são o Sistema Adutor Pajeú (2ª Etapa), da Barragem Engenho Maranhão, do Sistema Adutor da Barragem Engenho Maranhão para a ETA Suape, do Sistema Adutor da Barragem Engenho Maranhão para ETA Pirapama e do Sistema Adutor Chapéu – Reforço Oeste.

De acordo com o Compesa, são realizados investimentos sistemáticos em saneamento em todo o território pernambucano, especialmente em áreas de menor balanço hídrico, a exemplo da região do Agreste. Além do programa Cidade Saneada, na Região Metropolitana do Recife, que detém o título de maior Parceria-Público Privada do setor no País, a Compesa diz estar empenhada no desenvolvimento de um plano de investimento capaz de atender as metas de universalização dos serviços impostas pelo novo marco regulatório, que são 99% para cobertura de água e 90% de esgoto para todos os municípios pernambucanos até 2033.

Segundo a companhia, está em curso um robusto plano de investimentos para a execução de grandes obras estruturadoras já planejadas, a exemplo da segunda etapa da Adutora do Agreste, o reforço da Adutora do Oeste e implantação do Sistema Produtor a partir da Barragem Carpina. Essas obras estão estruturadas a partir do eixo norte e leste da transposição do Rio São Francisco.

A Compesa diz ainda que, “grandes investimentos em curso”, como a Adutora de Serro Azul, com investimentos de R$ 225 milhões, que transportará água da Mata Sul para cidades do Agreste, além da construção da Adutora do Alto Capibaribe, com investimentos de R$ 82 milhões, que será alimentada por águas da transposição para o Rio Paraíba, no município paraibano de Barra de São Miguel, beneficiando nove cidades de Pernambuco e uma no estado vizinho. Também em execução a obra do Sistema Adutor dos Poços de Tupanatinga, que recentemente entrou em fase de testes e representa esperança para muitas famílias no interior.

“A companhia tem meta de ampliar parcerias com a iniciativa privada para elevar sua capacidade de execução de obras e captação de recursos, nos próximos anos, o que demonstra o compromisso de aderência e atendimento às metas impostas pelo novo marco regulatório para universalização dos serviços, melhorando a saúde e a qualidade de vida dos pernambucanos”, diz em nota.

Serra FM

Policias do 14° BPM encontram arma e munição em abordagem

Post anterior

Paulo Câmara não foi convidado por Bolsonaro e cumpre agenda na Mata Sul

Post seguinte

Recomendado para você

Comentários

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais em Notícias